segunda-feira, 8 de junho de 2009

Produção em Massa




Certa vez, minha cunhada chegou para mim com a seguinte novidade. – Os Jonas Brothers vão fazer um show no Morumbi! Não é demais?!. Certamente que respondi à adolescente de 14 anos que considerava isso muito entusiasmante. Mas quem eram o Jonas Brothers? Logo imaginei que seria a bandinha sensação do momento e logo fui corrigida: - Eles são muito mais que simples sensação, eles são pra vida toda.
O engraçado nisso tudo foi que deve ser a quarta ou talvez quinta vez que escuto esse tipo de frase com esse nível de empolgação sobre uma banda ou artista. Como pode existir vários bandas pra vida toda? RBD, High School Musical, McFly, Hanna Montana, Demi Lovato. Imagino que a vida dela, como de muitas outras garotas da idade dela, tenha muitas curtas etapas e o termo dedicado a cada banda deveria ser pra toda esta etapa. Há uma facilidade grandiosa de mobilidade, ou uma versatilidade de gostos.

O quarto delas, meninas, é simplesmente e totalmente decorado com pôsteres desses e muitos outros artistas, na maioria homens ou melhor dizendo: adolescentes, que cobrem do teto ao chão, passando por trás da porta e preenchendo até o banheiro. As revistas amam isso já que o “papel de parede” vêm como um extra das edições da Capricho, Teen, Gloss, etc. Seus computadores têm no fundo de tela, a foto com a melhor pose deles. Os CDs são todos deles. As conversam sempre têm um momento dedicado a eles. Elas aprendem inglês só para cantarem corretamente E pergunto eu novamente: quem são eles? As bandas pra toda vida que tornam-se descartáveis em dois ou três meses pois darão lugar a outras que virão e terão o mesmo papel. É o modismo. É feio você não conhecer a moda, você se torna desatualizada. Na minha classe todos conhecem os Jonas Brothers, dizia minha cunhada.

Na minha época, eu era fã de bandas como Spice Girls e Backstreet Boys. Tinha-se também uma gana por artistas, mas nada comparado ao dias de hoje. Meu quarto não era coberto por pôsteres, mas eu era fã. Eu tinha todos os CDs, e isso pra mim era suficiente. Nunca cheguei a fazer partes de fã clubes ou ir a shows, mas eu ainda era fã. Eu cantava com minhas amigas, no intervalo da escola, as músicas preferidas. Marcávamos encontros para escutar juntas o novo CD. Víamos diversas vezes os clipes da música para aprender a coreografia. Cantávamos um inglês enrolado e acreditávamos que estava ótimo, o que importava era gostar. Era simples ser fã.

E a banda que minha cunhada citara era simplesmente a nova atração que a Disney lançou. Como tantas outras. A grande novidade dela era que tinha convencido o pai a pagar R$ 350,00 para ir ao show da banda, prometendo a ele estudar – obrigação que já cabia a ela. E que ela iria com sua amiguinha de escola e a mãe da amiga.

Bom, e na minha cabeça, fico tentando entender quais foram os argumentos de tal poderio que convenceram meu sogro e, pior ainda, os argumentos e talvez propostas feitas a mãe da amiga que além de comprar o meio ingresso da filha, pagou o dobro do preço no dela. Será que os dois tinham ciência que daqui a três meses outras bandas surgirão e outros shows aparecerão?

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