Tornou-se cada vez mais comum encontrar em sites ou revistas matérias dedicadas ao perfil de celebridades e, quando chega a entrevista ping-pong, nunca tive a oportunidade de ler que músicas como Créu ou Bebo pa carai fossem a preferida de alguém ou a trilha sonora de uma vida. Atualmente, letras como essas distorcem nossos ouvidos. Diarimente, sendo na TV ou no rádio, as músicas e artistas “descartáveis” aparecem na mídia, explodem nas paradas e, depois de alguns meses, desaparecem no submundo.
Destas duas canções citadas acima, tive eu a ousadia de analisá-las. A primeira tem como autor um homem que leva o mesmo nome da música: Mc Creu, as cifras dela – se alguém tiver interesse de tocá-la – tem apenas uma nota e não foi necessário análise para descobrir sua inspiração já que ela está explícita em cinco velocidades ao longo da música de tom desafinado. Já a segunda, tocada e escrita pela dupla Gino e Geno, têm apenas uma nota superior ao Mc Créu pois consegue contar uma história em suas letras, a solução do homem ao ser abandonado por uma mulher.
A verdade é que nenhuma delas tem o charme de uma boa letra recheada de poesia, idealizada de sonhos, ou ainda, dramatizada pelo alívio da dor. Antigamente, compor – não simplesmente fazer – uma música era algo para poucos e era assim que esses verdadeiros artistas se imortalizavam. Quem, mesmo nascendo nos anos 90, jamais escutou falar de Beatles? Convenhamos de que mesmo sendo uma banda internacional, suas músicas nunca saíram da prateleira de sucessos. Mas também temos os inesquecíveis do Brasil. O rei Roberto Carlos ou músicas como Carinhoso e Garota de Ipanema são exemplos marcantes que explicam, por si só, o que é a arte da música. Além de marcarem época, atravessarem gerações e sobreviverem sem dificuldades através dos séculos, as pessoas se identificam com elas e não apenas gostam por estarem na moda. Elas fazem mais sucesso que o Créu, pois daqui a dez anos serão lembradas.
E digo ainda que, sim, há poesias musicais muito boas saindo do meio desse lamaçal de canções descartáveis, e posso afirmar com veemência que as bases dessas músicas foram moldadas com influência das melodias e dos cantores imortalizados. Tenho, então, que parabenizar esses artistas pela sobrevivência e por pegarem a estrada correta que, mesmo sendo mais longa, trará mais frutos e melhores músicas aos nossos ouvidos.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário