quarta-feira, 17 de junho de 2009

Cacofonia de sucessos

Tornou-se cada vez mais comum encontrar em sites ou revistas matérias dedicadas ao perfil de celebridades e, quando chega a entrevista ping-pong, nunca tive a oportunidade de ler que músicas como Créu ou Bebo pa carai fossem a preferida de alguém ou a trilha sonora de uma vida. Atualmente, letras como essas distorcem nossos ouvidos. Diarimente, sendo na TV ou no rádio, as músicas e artistas “descartáveis” aparecem na mídia, explodem nas paradas e, depois de alguns meses, desaparecem no submundo.

Destas duas canções citadas acima, tive eu a ousadia de analisá-las. A primeira tem como autor um homem que leva o mesmo nome da música: Mc Creu, as cifras dela – se alguém tiver interesse de tocá-la – tem apenas uma nota e não foi necessário análise para descobrir sua inspiração já que ela está explícita em cinco velocidades ao longo da música de tom desafinado. Já a segunda, tocada e escrita pela dupla Gino e Geno, têm apenas uma nota superior ao Mc Créu pois consegue contar uma história em suas letras, a solução do homem ao ser abandonado por uma mulher.

A verdade é que nenhuma delas tem o charme de uma boa letra recheada de poesia, idealizada de sonhos, ou ainda, dramatizada pelo alívio da dor. Antigamente, compor – não simplesmente fazer – uma música era algo para poucos e era assim que esses verdadeiros artistas se imortalizavam. Quem, mesmo nascendo nos anos 90, jamais escutou falar de Beatles? Convenhamos de que mesmo sendo uma banda internacional, suas músicas nunca saíram da prateleira de sucessos. Mas também temos os inesquecíveis do Brasil. O rei Roberto Carlos ou músicas como Carinhoso e Garota de Ipanema são exemplos marcantes que explicam, por si só, o que é a arte da música. Além de marcarem época, atravessarem gerações e sobreviverem sem dificuldades através dos séculos, as pessoas se identificam com elas e não apenas gostam por estarem na moda. Elas fazem mais sucesso que o Créu, pois daqui a dez anos serão lembradas.

E digo ainda que, sim, há poesias musicais muito boas saindo do meio desse lamaçal de canções descartáveis, e posso afirmar com veemência que as bases dessas músicas foram moldadas com influência das melodias e dos cantores imortalizados. Tenho, então, que parabenizar esses artistas pela sobrevivência e por pegarem a estrada correta que, mesmo sendo mais longa, trará mais frutos e melhores músicas aos nossos ouvidos.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Souveniers ao mar!!!

Mais fotos em www.flickr.com/b_azevedo

As páginas do jornal, dos portais e das revistas estão recheadas de tragédias que mais parecem histórias de puro terror. Atualmente, a desgraça que nos cerca é a queda do A-330 da AirBus que caiu próximo a ilha de Fernando de Noronha. Uma viagem que tinha como destino a cidade luz e que acabou mais próximo do fundo do mar. Até então tinha-se mil dúvidas se o que foi achado era do AF-447: uma poltrona, pequenos objetos brancos. Mas algo cômico me vem à cabeça. Será que não encontraram nenhum souvenier brasileiro boiando próximo a Fernando de Noronha, já que alguns franceses sortudos – talvez nem tanto – ganharam passagens para o Brasil por bom empenho no trabalho e estavam retornando a Paris naquele avião? Poderiam eles estar carregando um berimbau, ou pequenos guarda-chuvas de frevo, ou ainda bombachas?

Receio eu que se alguns deles tiveram essas idéias de presentes para parentes, posso imaginar a dificuldade que passaram para acomodar as “lembrancinhas” no bagageiro superior aos bancos. Lembro-me de algo semelhante que aconteceu comigo.

Há um ano e meio atrás, tive a oportunidade e a grana suficiente para me aventurar, junto de uns amigos, em uma jornada ao México. Ficamos um mês inteiro aproveitando o calor, as ruínas, a comida, as ruínas e a gentileza mexicana. Tínhamos a nossa disposição uma fazenda considerada patrimônio do país, um carro e todo o tempo de um mês. Conheci muitos lugares maravilhosos: Cuernavaca, Puebla, Cuautla. Passei por muitos momentos “Indiana Jones” nas ruínas extremamente preservadas de Tepalcingo, Chalcatzingo e Xochicalco.

E como todo bom turista, alimentamos a economia do país comprando um ano de lembrancinhas, durante um mês de viagem, pra caber em duas malas de 32 kg. Um desafio muito difícil que foi resolvido com muitos idas a balança e pulinhos para auxiliar o zíper, que não queria trabalhar alegando estar também de férias. As malas, gracias a Dios, foram fechadas, porém, por uma desventura do acaso algo foi esquecido. Sabe que, para algumas pessoas, é complicado negar alguns pedidos. Foi isso que aconteceu comigo quando meu namorado pediu um sombrero de presente. Bom, o bendito sombrero ficou pra fora da mala e teve que viajar na minha cabeça.

Chegando ao aeroporto, fizemos o check-in, fomos para área de embarque e finamente, entramos no avião. O sombrero tinha evoluído de encosto somente meu para incômodo para os dois assentos que me cercavam. Daí em diante, a mente criativa dos passageiros começou a aflorar.

- Põe no bagageiro, dizia a aeromoça em inglês.
- Melhor você colocar debaixo do banco, dizia uma mãe americana segurando uma criança de colo.
- Porque não colocou na mala?, questionava o vovô que aparentava enjoado.
Meu vôo seguia para Nova Iorque, eram aproximadamente seis horas, e mais de um terço dele foi dedicada às alternativas, cedidas gentilmente, para me ajudar com o sombrero, mesmo eu insistindo – em duas línguas – de que o presente do meu namorado não estava me incomodando. Até que uma luz mexicana apareceu. Uma senhora que devia estar irritada com tanta “falação” resolveu dar sua opinião.
- Turista compra isso e nem sabe pra o que serve. Aí acaba como enfeite de parede. Joga isso pela janela que um dia alguém encontra boiando por aí.
Eu até assinalaria esta opção se não fosse por um pequeno detalhe: as janelas não abrem, e se o fizessem, com certeza não seria só meu sombrero que estaria boiando.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Ajuda em excesso não é bobagem

Mais fotos em www.flickr.com/b_azevedo

Esporadicamente se ouve, nos dias de hoje, alguém pedindo socorro em nome da natureza. Na maioria das vezes o assunto é a Amazônia já que faz parte da nossa casa e é praticamente nosso quintal. E mesmo sabendo que é propriedade brasileira, muitos “vizinhos” querem pular o muro e nos tirar a parte verde de nossa bandeira. Essa semana foi comemorado o Dia do Meio Ambiente, e muitas desses pedidos de ajuda ressurgiram.

Na imprensa, jornais dedicaram cadernos exclusivos ao assunto, canais de televisão fizeram matérias especiais e portais criaram hiperlinks para os internautas se aprofundarem no tema. Na maioria foram matérias, reportagens, artigos, crônicas ou comentários relacionados à grande destruição das matas nativas, o índice que o desmatamento na Amazônia chegou ou os malefícios que isso nos traz. Não houve sequer algum meio de comunicação que dedicou a “sessão ecologia” totalmente para falar de quem está se mexendo para ajudar a natureza ou para realmente comemorar o dia 5 de Junho. Onde já se viu comemoração só com reclamações? Ou você já se deparou com um festa onde o aniversariante recebe, ao invés de presentes, pequenos bilhetes de coisas que deve melhorar ou que se esqueceu de fazer?

Outro fator que deve ser relatado é como certos temas aparecem nas rodas de conversa só por um curto período de tempo, mas especificamente quando estão em seu “dia” ou próximos dele. Fala-se de da luta contra o tabaco perto do dia 31 de Maio, de mulher próxima ao dia 8 de Março, de criança no começo de Outubro. Tudo se torna programado para a mídia e para o leitor. Se, talvez, fosse informado com mais freqüência, as ações poderiam ser maiores. Poderia ser diferente.

Voltando ao meio ambiente, imagine se todas as pessoas se lembrassem de separar o lixo orgânico do reciclado ou tivessem atitudes mais ecológicas como andar mais de bicicleta, seríamos mais amigos da natureza e não precisaríamos ser lembrados apenas pela mídia, pois já estaríamos colaborando. Portanto, vamos colaborar mais, vamos ter mais pensamentos ecológicos e vamos começar isso já. Prefira produtos de limpeza biodegradáveis, use lâmpadas fluorescentes, não compre produtos em embalagens de aerossol, evite imprimir.

Algumas pequenas atitudes minhas, combinadas com as de outras pessoas podem gerar uma grande corrente contribuinte para a natureza. E assim, conseguiremos comemorar os próximos 5 de Junho com cadernos, matérias especiais ou artigos recheados de “presentes” dados pelo meio ambiente.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Produção em Massa




Certa vez, minha cunhada chegou para mim com a seguinte novidade. – Os Jonas Brothers vão fazer um show no Morumbi! Não é demais?!. Certamente que respondi à adolescente de 14 anos que considerava isso muito entusiasmante. Mas quem eram o Jonas Brothers? Logo imaginei que seria a bandinha sensação do momento e logo fui corrigida: - Eles são muito mais que simples sensação, eles são pra vida toda.
O engraçado nisso tudo foi que deve ser a quarta ou talvez quinta vez que escuto esse tipo de frase com esse nível de empolgação sobre uma banda ou artista. Como pode existir vários bandas pra vida toda? RBD, High School Musical, McFly, Hanna Montana, Demi Lovato. Imagino que a vida dela, como de muitas outras garotas da idade dela, tenha muitas curtas etapas e o termo dedicado a cada banda deveria ser pra toda esta etapa. Há uma facilidade grandiosa de mobilidade, ou uma versatilidade de gostos.

O quarto delas, meninas, é simplesmente e totalmente decorado com pôsteres desses e muitos outros artistas, na maioria homens ou melhor dizendo: adolescentes, que cobrem do teto ao chão, passando por trás da porta e preenchendo até o banheiro. As revistas amam isso já que o “papel de parede” vêm como um extra das edições da Capricho, Teen, Gloss, etc. Seus computadores têm no fundo de tela, a foto com a melhor pose deles. Os CDs são todos deles. As conversam sempre têm um momento dedicado a eles. Elas aprendem inglês só para cantarem corretamente E pergunto eu novamente: quem são eles? As bandas pra toda vida que tornam-se descartáveis em dois ou três meses pois darão lugar a outras que virão e terão o mesmo papel. É o modismo. É feio você não conhecer a moda, você se torna desatualizada. Na minha classe todos conhecem os Jonas Brothers, dizia minha cunhada.

Na minha época, eu era fã de bandas como Spice Girls e Backstreet Boys. Tinha-se também uma gana por artistas, mas nada comparado ao dias de hoje. Meu quarto não era coberto por pôsteres, mas eu era fã. Eu tinha todos os CDs, e isso pra mim era suficiente. Nunca cheguei a fazer partes de fã clubes ou ir a shows, mas eu ainda era fã. Eu cantava com minhas amigas, no intervalo da escola, as músicas preferidas. Marcávamos encontros para escutar juntas o novo CD. Víamos diversas vezes os clipes da música para aprender a coreografia. Cantávamos um inglês enrolado e acreditávamos que estava ótimo, o que importava era gostar. Era simples ser fã.

E a banda que minha cunhada citara era simplesmente a nova atração que a Disney lançou. Como tantas outras. A grande novidade dela era que tinha convencido o pai a pagar R$ 350,00 para ir ao show da banda, prometendo a ele estudar – obrigação que já cabia a ela. E que ela iria com sua amiguinha de escola e a mãe da amiga.

Bom, e na minha cabeça, fico tentando entender quais foram os argumentos de tal poderio que convenceram meu sogro e, pior ainda, os argumentos e talvez propostas feitas a mãe da amiga que além de comprar o meio ingresso da filha, pagou o dobro do preço no dela. Será que os dois tinham ciência que daqui a três meses outras bandas surgirão e outros shows aparecerão?

domingo, 7 de junho de 2009

Viva a Imprensa!!

- Tá sobrando espaço....

- Põe mais do Fenômeno!

Quem conhece o país do futebol sabe que aqui são “produzidos” os melhores jogadores e, que até serem contratados por clubes europeus, ficam nos clubes nacionais como manequins em vitrines. A carteira recheada de euros, muitas vezes, torna-se um impecilho para voltarem ao Brasil, mas uma reviravolta do destino e uma falta de renovação do Milan com um jogador machucado fez o fenômeno retornar a pátria amada. No início desse ano o Corinthians contratou o reforço mais caro de sua história futebolística: Ronaldo Luís Nazário de Lima tornou-se mais novo integrante do Timão. A volta do jogador é mais uma polêmica na coleção dele, e muitas linhas para a imprensa. Ele dá ibope e preenche sozinho o caderno de esportes.

No começo de sua carreira todas as notícias eram basicamente sobre seu estilo de jogo, classe, número de gols, evolução profissional até chegar a notícia de sua ida pro exterior. Daí pra frente, tudo virou um mix de coisas boas e nem tão boas. Dos esportes ele passou pro caderno de fofocas: veio o casamento relâmpago com a Cicarelli, problemas no joelho, títulos, problemas no joelho, envolvimento com travestis, problema no joelho. O mundo todo soube dos acontecimentos do Fenômeno, e todos criticaram.....e muito. Agora me diga, quem nunca fez uma grande burrada na vida? Ele fez também ué. O casamento realmente foi inexplicável, mas não deu tanto impacto quanto o “relacionamento gay”. Isso porque, podem os homens negar, mas o universo do futebol submete seus jogadores a uma ética machista. Não combinaria uma propaganda de cerveja, na época da Copa do Mundo, que, ao invés de uma garçonete semi-nua gostosa, aparecesse um homem sarado de sunga.

Depois de tantas cirurgias no joelho e outras tantas mil horas de fisioterapia, o cara ainda está aí. E batendo um bolão. E dando ibope denovo. Abra o caderno de esporte hoje e preste atenção: Ronaldo com certeza estará em alguma página.

Desde sua estréia, contra o Itumbiara (vamos combinar que o Itumbiara deveria ser o primeiro a agradecer porque nunca se escutou tanto este time. Só aqui já apareceu duas vezes.), ele vem sendo o protagonista de muitas matérias. “Ronaldo faz gol” pra cá, “Entra no segundo tempo e Corinthians vence” pra lá. Teve até quem arriscasse que nenhum time passava por ele, mas a invencibilidade não dura pra sempre. Então onde estão as críticas?? Onde estão aqueles que meteram o pau?? Eles simplesmente abaixaram as orelhas. Não dá pra criticar alguém que hoje se tornou o ídolo nacional.

Tem-se que admitir: seja pelo carisma, pelo ótimo futebol, pelos títulos, pelas recuperações das contusões colecionadas ao longo da carreira....ele é bom. E não adianta falar mal porque ele sempre vai te surpreender com alguma coisa boa que fará a coisa ruim desaparecer.

Além disso, influência gerada por ele é fenomenal. Todo mundo tem um amigo corinthiano ( lei de Murphy), agora você poderá ter dois porque muitos torcedores se converteram ao Timão, assim como muitos outros, sem time, resolveram integrar a torcida preto e branca só pra torcer por ele. Sem contar que, não me lembro de nenhum jogador no Brasil, que tenha atraído tantas cifras, e tanto interesse dos patrocinadores, afinal as mangas da camisa e o calção que vestem os jogadores do Timão só estão estampadas por causa dele. E o salário dele é bancado pelo Corinthians? Não. O Timão só não perde as próprias calças porque tem o garoto propaganda.

Mas o que eu quero dizer é simplesmente que o bom sempre será bom e, não importa de que maneira ele sempre estará na mídia. A imprensa afaga com a mesma mão que apedreja.